O Turno Da Noite
Eu morava com meus pais ainda, tinha que trabalhar para poder ajudar nas despesas de casa, mesmo que meu salário de sapateiro não desse para muita coisa.
Ainda queria fazer a faculdade de engenharia que eu tanto sonhava, mas com meu pequeno salário não dava. Foi quando minha mãe falando com uma das suas amigas que moravam ali perto de casa, contou de meu sonho, cursar engenharia. Também contou sobre meu emprego, que o salário era pouco e não dava para manter a faculdade e ajudar nas despesas de casa. Foi aí que ela falou que ouvindo o rádio pela manhã, soube de um emprego de vigia, só não sabia o local e quanto era o salário, mas que com certeza o salário era bom e quem sabe desse para eu trabalhar e cursar minha faculdade de engenharia que tanto sonhava.
Acabou o expediente e fui para casa. Chegando em casa, vi que minha mãe estava me esperando no portão, achei meio estranho. Foi então que ela contou tudo o que a amiga dela tinha lhe falado sobre o serviço de vigia. Nossa! Fiquei muito feliz ao saber dessa notícia, imagina se desse pra eu cursar engenharia que é o meu grande sonho. Sendo assim, acordei cedo e fui até a empresa de vigilância da cidade para me informar mais sobre o trabalho, e já na mesma hora assinei o contrato com eles para eu trabalhar e ganhar um salário bom, mais do que dobro do salário da sapataria.
Funcionava assim. Trabalhava a noite, um dia sim e um dia não, assim daria para eu estudar mais nos tempos livres e fazer a faculdade de manhã. Ia trabalhar num hospital que foi fechado pelo o governo, era um prédio enorme de 6 andares com o 1 andar sendo subterrâneo, onde se localizava o estacionamento.
Em cada andar havia um aparelho que a cada hora tinha que passar o cartão de vigia para registrar na central a sua passagem por ali. Lá fora, ao lado do prédio, havia a sala de vigilância onde eu permanecia até o momento dos turnos. Havia nela um sofá, umas duas cadeiras, uma mesa, um ventilador e uma televisão.