
Quarta-Feira, 13 de abril de 2016, Green Valley – Las Vegas (Nevada)
Eu tenho uma vizinha. Ela é parecida com a Charlize Theron. Eu estou louco para sentir seu sangue. Pra ver seu último suspiro saindo, ouvir o grito de pavor e dor. Quero fazê-la sentir medo, o mesmo medo que eu senti durante toda a minha vida, crescendo sem mãe, sem pai. Ela é casada, mas vive dando em cima de mim, uma verdadeira vadiazinha, e ela tem apenas 23 anos. Elas realmente não prestam, só sabem abandonar. De hoje essa piranha não passa.
Sábado, 16 de abril de 2016, Riverfront – Georgetown (Washington D.C)
Sou James Smith, perfilador do FBI e tenho 37 anos. Sou um dos agentes que trabalhou no caso O Misógino de Las Vegas. Este caso foi muito pessoal para mim.
Aaron está morto. Foi baleado durante a investigação, eu atirei nele.
A minha equipe e eu fomos chamados pelo FBI local para investigar uma série de mortes de mulheres, algumas prostitutas na área da Strip, e de uma mulher da alta sociedade de Vegas. Os assassinatos eram brutais, o assassino, paciente. Víamos a raiva preencher todo o crime, e nos locais onde ocorriam, ao chegar sentíamos a indignação da massa, e o sentimento de “o que leva alguém a matar tão bruta e continuamente?”. No caso dele, eu tenho a resposta... abandono, e não vou crucificá-lo por sentir-se assim, pois eu entendo a sensação, também fui abandonado, assim que nasci, jogado no sistema de adoção. Não fiquei lá por muito tempo, pois por ser um bebê, fui adotado rapidamente. Sei quem é minha família biológica, mas ela era completamente destruída, a não ser o meu irmão... Aaron Collins. Surpreso?! É, eu também fiquei, e senti todo aquele ódio infantil de ter sido abandonado voltar à tona, e não consegui controlar-me, puxando assim o gatilho.
Quando o matei, corri até ele, fingindo checar seu pulso, enquanto na verdade, queria apenas dar uma primeira e última olhada para aquela face, o rostinho bonito que conquistou a nossa mãe e me mandou para o outro lado do país com desconhecidos. E como de costume, como qualquer outro assassino que eu já houvesse pego, ele tinha uma caderneta no bolso oposto à mão que escrevia (e matava), com todos os detalhes dos crimes.
Não consigo mais sentir raiva dele, pois matá-lo foi tão fácil quanto esmagar uma formiga, e se minha mãe estivesse viva, se arrependeria de não ter escolhido o filho mais forte.
Continuarei o trabalho que meu irmão começou.
Com amor, de seu novo dono, James Smith.
